Entrevista com Magnus que orientou hoje o Workshop sobre o tema “O desenvolvimento da técnica Stand Up Paddle – como remar de uma forma mais económica e eficaz”

Foi junto às instalações do CNF em São Lázaro, com um autêntico dia primaveril, que entrevistamos o conceituado professor, treinador e selecionador sueco Magnus Lindstedt.

CNF: Bem-vindo à Ilha da Madeira. É a primeira vez que tem a oportunidade de visitar a Região?

Magnus: Sim, infelizmente é a primeira vez.

CNF: Como proporcionou-se o contacto entre si e o Clube Naval do Funchal?

Magnus: Foi mais ou um primeiro contacto. Já tinha falado anteriormente com o Ricardo Rodrigues (coordenador da modalidade de Stand Up Paddle Board do CNF), que contou-me um pouco acerca da ilha, e do evento que estavam a organizar e foi assim que surgiu esta oportunidade de vir cá.

CNF: Realizou o Workshop cá sob a temática de “O desenvolvimento da técnica Stand Up Paddle – como remar de uma forma mais económica e eficaz”. Costuma realizar vários workshops, ou esta foi a primeira vez?

Magnus: Não. Eu faço muitos workshops para diferentes organizações, para desportos e atletas de elite. Quanto às temáticas, variam sempre conforme o grupo ou então do nível dos atletas que costumam estar presentes. Costumo fazer uma abordagem acerca da performance da modalidade e uma parte mais analítica. Neste workshop foram abordados alguns tópicos como o conforto, a postura, o equilíbrio, o movimento e a respiração.

CNF: Apesar do pouco tempo que está aqui na Madeira que opinião tem acerca das condições para a prática de SUP?

Magnus: Eu acho que as condições são perfeitas! Porque, por exemplo, aqui no porto do Funchal, têm a água lisa o que é ótimo para a aperfeiçoar técnicas e depois têm um grande oceano, que através da Levitação do mar, o balanço das ondas e algum vento, trazem mesmo as perfeitas condições para a prática desta modalidade.

CNF: A Madeira tem tudo para receber grandes competições internacionais, como um Mundial ou Europeu?

Magnus: Definitivamente!

CNF: Como vê esta modalidade na Madeira? Está a crescer? É necessário, neste momento, apostar mais na formação de técnicos para podermos ter não só mais atletas como também um nível qualitativo superior?

Magnus: Eu considero que é uma modalidade que está a ter um grande crescimento, o que é muito bom para o desenvolvimento da prática do desporto aqui na ilha, sendo que está a atrair desde crianças a adultos que mostram-se interessados em aprender e a praticar Stand Up Paddle. Quanto à aposta na formação de técnicos, acho que sim, que deve ser definitivamente feita e vale mesmo muito a pena. Eu tenho vindo a estudar esse caso, e na Suécia, praticamos esta modalidade desde 2010 e temos visto que a formação de técnicos têm trazido efeitos únicos do treino para todos os que praticam este desporto.

CNF: – Podemos afirmar que o SUP é sem dúvida um veículo na promoção de um destino turístico de uma Região?

Magnus: Sim claro! A Ilha da Madeira é perfeita, tanto pela temperatura climatérica e do mar, pelos diferentes tipos de águas (encontramos água calma como também muito agitada). Neste sentido, todos estes fatores atraem vários praticantes da modalidade, no sentido de terem a experiência de praticarem Stand Up Paddle com estas condições fantásticas, o que os leva a querer, também, explorar o destino Madeira não só pela prática desportiva como também pelo que a Ilha oferece, como a natureza e a gastronomia.

CNF: Para além da competição, esta modalidade pode ser vista como uma importante forma de ajudar a manter uma atividade física saudável?

Magnus: Sim. A prática de Stand Up Paddle tem muitos benefícios. Há estudos que afirmam que se treinarmos o nosso equilíbrio podemos ter a possibilidade de sermos muitos saudáveis mesmo aos 80 anos de idade. Por outro lado, a prática desta modalidade é realizada na água, o que não é muito agressivo a nível físico para o nosso corpo, sendo que todos conseguem praticar desde crianças a idosos. É óbvio que depois depende um pouco da prancha usada, mas mesmo assim até movê-la fora de água é muito fácil, visto ser muito leve.

CNF: É dispendioso a prática do SUP?

Magnus: É necessário haver mais clubes com equipamentos disponíveis para as pessoas experimentarem esta modalidade, ou então é necessário que cada pessoa tenha a sua própria prancha. Neste momento é um pouco dispendioso, tendo em conta que os materiais usados nas pranchas (como a fibra de carbono) são caros, mas por outro lado, não é necessária uma prancha com essa qualidade para os que praticam por lazer, sendo apenas necessária para quando se entra em competição.

CNF: De que maneira se forma um campeão do Mundo?

Magnus: É necessário ter em conta e avaliar o percurso desportivo ao longo da vida do atleta, e tentar através dos treinos e competições realmente ver o que o atleta precisa para ele ser o mais eficaz possível. Ou seja, é necessário entender de onde vem a sua energia, e não excluir esse pormenor nos treinos. Resumidamente, é essencial conhecermos e entendermos a vida competitiva passada do atleta, como também entrar na sua mente para podermos retirarmos e exigirmos dele o melhor que ele consegue dar nas competições. Já treino o Casper Steinfath (atual campeão Mundial da modalidade) desde 2012, e temos um plano para dez anos, em que o objetivo é ser o melhor em dez anos, apesar de ser difícil de ainda prever se vamos conseguir alcança-lo. Isto porque muito pode acontecer, mas esperamos que não ocorra nenhuma lesão e que o progresso dos treinos venha a ter a continuidade que está a ter e estamos ansiosos por competições olímpicas.

CNF: Então considera que esta modalidade tem tudo para um dia ser modalidade olímpica?

Magnus: Sim claramente, porque o Stand Up Paddle tem o que designamos por “Atividade Funcional” o que é muito benéfico para o corpo e para a mente, o que permite adquirir muitas habilidades e skils motores, sendo então uma boa modalidade para sermos saudáveis e essa é a principal razão de eu considerar que esta é uma modalidade que tem tudo para ser olímpica.

CNF: Algumas palavras para o Clube Naval do Funchal?

Magnus: Estou muito grato por este convite, por poder conhecer pessoalmente membros do Clube Naval do Funchal e estreitar a nossa relação, como também por proporcionarem a oportunidade de eu conhecer esta magnifica ilha. Aproveito também para dizer, que com certeza esta não será a última vez que nos juntamos!

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