Fórum Naval supera expectativas e desperta interesse pelas temáticas

O contexto desportivo é um espaço privilegiado para estudar as competências emocionais dos jovens.  Esta foi uma das notas finais do primeiro painel do Fórum Naval um evento que decorreu durante a manhã desta sexta-feira, dia 25 de outubro, na sede social do Clube Naval do Funchal e que contou com a presença do Diretor Regional de Educação na sessão de abertura. Marco Gomes, não deixou de elogiar a iniciativa do clube e a pertinência da primeira temática abordada: Inteligência Emocional na prática desportiva para a formação dos jovens sendo também uma mais valia para os treinadores.

O cocktail emocional a que um atleta está exposto, quer seja em contexto de treino ou competição e, a capacidade  (ou não) de saber identificar a emoção, lidar com ela e canalizá-la da melhor forma para alcançar o sucesso, foram os temas abordados por Nuno Pestana Pinto. O coordenador de projetos de investigação da Direção Regional da Educação baseou a sua apresentação numa questão de base: “Será que a Prática Desportiva aumenta o nível de Inteligência Emocional?”.

O tempo foi curto para trocar todas as ideias sobre uma área ainda pouco explorada nos clubes desportivos. Elmano Freitas, Professor e Treinador do CNF foi também convidado para intervir na mesa redonda deste painel. O treinador com mais de 30 anos de experiência a lidar com atletas, referiu que deveria ser “obrigatório” ter um psicólogo em todos os clubes e que é hora de fazer acontecer na medida em que, “o impacto que o insucesso desportivo pode ter na vida de um jovem, se não for bem acompanhado, poderá ser muito destrutivo em várias áreas.”

A mesma opinião partilhou Miguel Sequeira, pai do nadador Afonso Sequeira que, na sua intervenção, deixou claro que os pais são elementos com um papel “crucial” em todo o processo e a forma como lidam com a carreira desportiva dos filhos, pode ser favorável ou não neste processo. Miguel Sequeira confessou ainda a dificuldade que por vezes surge em saber como reagir ao insucesso dos resultados por isso, defende, que os pais também precisam de coaching.

Susana Gomes, aos 42 anos, partilhou com a plateia que ainda sente as “borboletas na barriga” antes de entrar em prova da mesma forma que sentia quando era infantil. A recente campeã do mundo, tem desenvolvido a sua carreira desportiva em paralelo com a sua carreira profissional e vida pessoal e, confessa, ser a sua própria psicóloga. “A ansiedade está sempre presente mas, na medida certa, é útil pois dá aquela adrenalina necessária para a prova”, concluiu.

No segundo painel, os olhos voltaram-se para o mar, outra grande área de preocupação do Clube Naval do Funchal. Para o efeito, e decorrente das atividades de Bandeira Azul, o Lixo Marinho foi abordado desde o contexto internacional ao local.

Pedro Sepulveda, Técnico Superior na Subdireção para os Assuntos do Mar da DROTA e co-líder do grupo de trabalho para o lixo-marinho (ICG-ML) da Convenção OSPAR (Convenção para a Proteção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste) apresentou o trabalho esta convenção, criada em 1992, e que atualmente envolve 60 organizações internacionais num trabalho multidisciplinar. Em termos de área geográfica, a Madeira ainda está fora desta convenção enquanto que o arquipélago dos Açores já está incluído.  No entanto, o objetivo é também integrar a região e tirar partido da monitorização dos trabalhos, das decisões e diretivas internacionais. Pedro Sepulveda deixou no final um alerta para que, no dia a dia, “estejamos conscientes das nossas escolhas” alertando para a questão das “alternativas” referindo-se concretamente à questão da substituição do plástico que, por vezes, não são soluções para o problema mas sim um novo problema.

João Canning Clode apresentou o que melhor se faz na região na área de investigação sobre o impacto do lixo nos ecossistemas marinhos. A interligação entre organizações científicas, instituições governamentais e empresas marítimo turísticas foi apresentada à plateia como a base de trabalho destas investigações e que tem resultado no cruzamento de informações, atualização e monitorização de dados e indicadores muito pertinentes. Para  o coordenador do polo MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, apresentar o que se faz em ciência e investigação na Madeira é crucial para o processo de consciencialização de uma problemática que é de todos nós. Imagens áreas, aplicações e softwares específicos, redes próprias para recolha de microplásticos, entre outras metodologias compõem os projetos que estão a ser desenvolvidos na RAM. Exemplo disso é o projeto Go Jelly, uma investigação pioneira na Madeira em cooperação com vários países em que, através das alforrecas e do material gelatinoso se pode encontrar uma solução para combater os microorganismos plásticos que são das principais ameaças de poluição no atlântico. Outro exemplo dado pelo investigador foi a descoberta de um novo tipo de poluição classificada como “plasticruts”. Tratam-se de umas incrustações de plástico nas rochas, descobertas na Madeira, e que foram alvo de investigação durante 3 anos. Recentemente o artigo foi publicado e fez eco em vários canais de media mundiais, como Sky News, Forbes e CNN.

De facto, com este exemplo final e em género de balanço deste segundo painel, a problemática do plástico no mar está a exercer uma pressão mediática sobre as instituições governamentais que, muito embora o CNF queira intervir ativamente neste campo, só poderá fazê-lo em colaboração com todas as partes envolvidas, sendo esta também a mensagem final deixada pelo Presidente do Clube Naval do Funchal, Dr. António Fontes.

No final do evento, no decorrer no almoço Malta do Calhau, Susana Sousa Gomes foi homenageada pelo recente titulo alcançado no Campeonato do Mundo de Masters na Coreia do Sul onde bateu o recorde mundial nos 100 metros mariposa.

 

 

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