A sede social do Clube Naval do Funchal, na Rua da Quinta Calaça, foi palco na passada sexta-feira de mais um Almoço da Malta do Calhau, encontro marcado pela camaradagem e pela nostalgia de quem tem o mar como ponto de encontro.
O convidado deste dia foi o veterano velejador madeirense Victor Caires, homenageado pelo clube pela sua notável contribuição à vela.
Nascido em 1937, Victor Caires pertence a uma família profundamente ligada ao mar, com quatro gerações dedicadas à náutica. Foi um dos primeiros velejadores madeirenses a competir internacionalmente, integrando o trio que representou a Madeira e Portugal no Campeonato da Europa de Vela, em Cascais, em 1958.
Para além da competição, dedicou-se ao ensino e à divulgação da vela, tendo dirigido o Centro Náutico da Mocidade Portuguesa (1966–1974) e lançado, em 1975, as Escolas de Vela da Direção-Geral dos Desportos. Formou inúmeros marinheiros amadores e colaborou com a Capitania do Porto do Funchal na qualificação de desportistas náuticos.
Autor e cronista apaixonado pelo tema marítimo, publicou obras como Aragens da Madeira (1997) e Crónicas da Beira-Mar (2008), além de ser coautor do livro 50 Anos do Clube Naval do Funchal (1952–2002).
Durante o encontro, o presidente do CNF, António Fontes, entregou-lhe uma placa de homenagem, gravada com uma fotografia antiga da vista do mar para a Quinta Calaça, com o pai de Victor Caires à proa de um veleiro — símbolo de uma ligação entre gerações e de um legado que perdura.
O ambiente foi de conversa simples, nostálgica e amiga, entre velejadores e amantes do mar que partilharam histórias e memórias vivas da náutica madeirense. Recordaram-se os primeiros anos do Clube Naval do Funchal, as divergências entre os fundadores quanto ao nome do clube, e as curiosas formas de construir e reparar velas “à moda antiga”, quando o engenho e a entreajuda eram essenciais.
Não faltaram as brincadeiras e episódios caricatos da “malta do calhau”, que outrora apoiava os velejadores em terra e no mar; nem a evocação das tradições marítimas de outros tempos — quando os veleiros que cruzavam o Atlântico faziam questão de passar pela baía da Quinta Calaça para saudar a Madeira e os seus velejadores.
O convívio terminou com emoção, entre risos e memórias, reafirmando o espírito de amizade, partilha e paixão pelo mar que continuam a caracterizar o Clube Naval do Funchal e todos os que nele deixaram parte da sua história.




